terça-feira, 15 de julho de 2008

Subsídio para eleições 2008 - I

Como contribuição para o planejamento de campanha, inventamos um caso fictício que pode servir de sujestão aos candidatos a vereadores.

Professor Roberto Carlos - "O futuro é coisa séria"

Roberto Carlos é candidato a vereador do PT num município que tem 12,5 mil eleitores. Nessa eleição o PT terá candidato a prefeito e o vice é de um partido aliado. Temos ainda um terceiro partido coligado na chapa proporcional, de modo que seremos em 16 candidatos, 12 homens e quatro mulheres. Desses candidatos, oito são do PT, cinco do partido que indicou o vice e três do outro partido.

Nesse município o PT é o principal partido de oposição, concorre contra o prefeito atual, que vai à reeleição e há uma terceira chapa majoritária. O prefeito atual terá duas chapas proporcionais o apoiando, uma com 15, outra com 10 candidatos e o terceiro candidato uma chapa com nove candidatos, de modo que serão 52 candidatos a vereadores no município.

Roberto Carlos sabe que a legenda precisa fazer 1.390 votos para eleger um vereador. O objetivo de nossa coligação é disputar 45% dos votos para prefeito, para ganhar as eleições e eleger 4 vereadores, ou seja, 5.560 votos. Dividindo esse total pelo número de candidatos da nossa chapa chega a uma média de 350 votos cada. Como Roberto sabe que vários candidatos não chegam à quantidade (diferentes potenciais) e que os partidos aliados ao PT têm um nome forte cada um, e dentro do PT terá que disputar com outros três nomes fortes. Isso quer dizer que, com ele, serão seis candidatos disputando quatro vagas, então Roberto estabeleceu como meta fazer o dobro de votos da média da chapa, ou seja, 700 votos é sua meta.

Roberto mora num bairro que tem 1.200 votos (10% do total do município), ele é professor e também atua no esporte. Nesse bairro o PT tradicionalmente faz 30% dos votos, ou seja, 360 votos. Para atingir a meta Roberto terá que buscar metade dos seus votos fora de seu bairro. Ele conta, porém, com uma família de cinco irmãos que o apóia, e somando os parentes que têm mais relação, são mais 50 votos. Então Roberto terá que definir um segundo foco de campanha para obter 300 votos, que passou a ser o setor da educação.

Definido esse segundo foco, Roberto reúne sua coordenação de campanha e convida mais três alunos para organizar uma pesquisa qualitativa, a fim de descobrir qual o conceito que os moradores da sua comunidade e da área dois de sua campanha têm dele enquanto candidato a vereador. Escolheu quatro pessoas e cada uma delas deveria visitar três casas em três ruas diferentes. Seus apoiadores não devem se identificar, dizer que estão fazendo pesquisa, apenas chegar na casa, cujo morador não lhe conhece direito (não ter relação de proximidade) e escolher um pretexto para começar a conversar sobre política. Na seqüência deve entrar no assunto de candidatura a vereador e então dizer que ouviu falar no nome de fulano, cicrano e tem também um “tal” de Roberto Carlos, não sei se você conhece? Pois é, o que você acha dele? Alguém me falou alguma coisa, eu não o conheço, queria saber mais sobre ele, parece ser interessante e assim por diante, até aprofundar o assunto e tentar descobrir se o eleitor vê no candidato, algum tipo de liderança (lembra de alguma ação que ele já fez ou liderou), ou se é uma pessoa simpática, querida na comunidade, ou se é um tipo inteligente, que tem boas idéias, etc.

Saindo da casa do entrevistado, o apoiador do Roberto anota num caderninho as respostas e vai para a segunda, depois na terceira casa. Assim foi com as quatro pessoas. Na mesma noite os quatro pesquisadores, mais a coordenação de campanha analisar as respostas e observa:
Roberto Carlos é pouco conhecido na comunidade e os poucos que ouviram falar dele foi através dos filhos, seus alunos;
Os filhos dizem que é um professor muito inteligente, mas exigente, faz provas difíceis e se não estudar muito reprova os alunos (não é simpático);
Nenhum entrevistado lembra do candidato relacionado com o esporte;
As pessoas dizem votar em vereador que conhecem, que seja da comunidade, que tem feito alguma coisa pela comunidade, que seja ético e tem boas propostas;
Os temas mais lembrados pelos pesquisados são: educação, saúde, área de lazer e emprego;
O candidato a prefeito do PT tem simpatia por quase metade dos entrevistados.

Diante desse quadro a coordenação de campanha decidiu:
- A principal característica do candidato a vereador é a capacidade: bom professor;
- O eleitorado não conhece a liderança do candidato na área do esporte, portanto isso precisa ser divulgado;
- A simpatia não é um ponto forte do candidato;

Foi escolhido o slogan da campanha para traduzir esse conceito: O FUTURO É COISA SÉRIA – Professor Roberto Carlos para vereador – 13.006. Uma fotografia combinando com a frase.

No material de apresentação, um texto pequeno e objetivo:

“Somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais, e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos”.

Sou professor e acredito que a minha missão é trabalhar pela educação, com seriedade e disciplina, formando homens e mulheres capazes de construir seu próprio futuro.
O futuro é coisa séria, mas precisamos combinar momentos de disciplina e de lazer. Por isso, além do meu trabalho como professor me dedicado à organização do esporte na comunidade.
Quero levar minha experiência e minhas idéias para a câmara de vereadores, juntamente com nosso candidato a prefeito do Partido dos Trabalhadores.

Propostas:

- Serei o defensor de uma melhor educação para nosso município: eleições diretas para diretores de escolas; melhoria do salário dos professores; garantir a educação infantil (de zero a seis anos) para todas as crianças do município;
- Quero ser o vereador do bairro: mobilizar a comunidade para conseguir construir uma quadra de esportes coberta; lutar para construir uma policlínica para atender todas as áreas de saúde; promover um programa de consciência ambiental, com reciclagem de lixo, jardinagem e arborização junto com a comunidade.

O planejamento definiu três fases da campanha:
a) de 15 de julho até 20 de agosto – o candidato deve visitar todas as casas do bairro, se apresentar, pedir apoio e opinião, identificando as pessoas que manifestam possibilidade de apoiar. A coordenação de campanha deve produzir o material, organizar um encontro semanal com professores e apoiadores da campanha fora do bairro e fazer reunião semanal para avaliar o andamento do trabalho. Em 20 de agosto haverá um evento da campanha do Professor Roberto Carlos na sua comunidade e inauguração do comitê da campanha;
b) de 20 de agosto até 20 de setembro – o candidato participará dos comícios e fará encontros de famílias no seu bairro e fora dele. Todos os sábados, às 17 horas haverá um passeio com bicicletas e bandeiras pelo bairro, saindo em frente do comitê (haverá outra reunião para detalhar essa fase);
c) de 20 de setembro e os últimos três dias – serão feitas mobilizações e fiscalização de boca-de-urna. Todos os apoiadores possíveis serão mobilizados para ajudar na última semana e principalmente os últimos três dias de campanha;

Produzirá quatro materiais de campanha:
Folder de apresentação e propostas, sendo que na capa serão destacadas a foto e o nome, enquanto na contra-capa terá uma foto com candidato a prefeito, nome e número (7 mil, ou seja, 10x o número de votos necessário) e adesivo de pára-choque (500 peças);
Para o primeiro evento haverá “praguinhas” para colar na roupa e bandeiras, destacando apenas o número (140 bandeiras = 20% dos votos necessários e 14 mil praguinhas);
Para a reta final será feito cédulas com foto da urna eletrônica e números do candidato a prefeito e vereador (14 mil peças);
Serão confeccionadas 70 placas, com nome e número, pintada pelos próprios apoiadores e distribuídas no bairro, no período de 20 de agosto a 20 de setembro, além de um site na internet;

Diante desse plano operacional chegaram a um orçamento de 20 mil reais, sendo que a arrecadação se daria de três formas:
Uma lista de apoiadores, entre os colegas professores, familiares e companheiros de partido. Meta de 50 apoiadores em média 50 reais mensais, por três meses: 7.500 reais;
O evento da campanha em 20 de agosto, mobilizar 150 pessoas, a um ingresso de 10 reais, sendo que a comida buscarão doações de apoiadores e a bebida será vendida para pagar o aluguel do salão, com o cuidado na prestação de contas;
O candidato buscará dois ou três apoiadores com capacidade de contribuir com 2 mil reais e outros 5 mil estarão por conta do próprio candidato.

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