quarta-feira, 25 de março de 2009

conferência da Esquerda Socialista do PT


Vai acontecer, dias 3 e 4 de abril, a I Conferência Nacional da Esquerda Socialista do PT, que estamos organizando em conjunto com a Articulação de Esquerda. Será na sede do Sindicato dos Professores de São Paulo - Simpro. A Mesa de abertura já está confirmada, com a participação de Emir Sader, João Pedro Stedile, Pe. Benedito Ferraro e Antonio Carlos Spis.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Presidente electo de El Salvador viajará esta semana a Brasil




San Salvador, 17 Mar. ABN.- El presidente electo de El Salvador, Mauricio Funes, viajará este jueves a Brasil para reunirse con el mandatario Luiz Inácio Lula da Silva, en su primer viaje al extranjero desde su victoria del domingo en las urnas.
La visita a Lula será la primera que efectúa Funes desde la victoria del Frente Farabundo Martí para la Liberación Nacional (FMLN), con 51,3% de los sufragios el pasado 15 de marzo, ante el aspirante presidencial de la derechista Alianza Republicana Nacionalista (Arena), Rodrigo Ávila.
Funes declaró en reiteradas ocasiones que el gobierno de Lula, a quien además considera un amigo cercano, representa un modelo y un referente a seguir para su gestión presidencial que iniciará el 1 de junio próximo por un período de cinco años.
Asimismo, el Presidente electo se reunirá en El Salvador con el secretario adjunto de Estado para el Hemisferio Occidental de Estados Unidos, Thomas Shannon, aunque todavía no se precisó la fecha, informó la agencia de noticias AFP.
En el caso de Estados Unidos, Funes prometió mantener 'una buena relación' con la nación estadounidense, teniendo en cuenta que en ese país viven 2,5 millones de un total de 2,8 millones de salvadoreños y salvadoreñas residentes en el exterior.
Esos inmigrantes constituyeron un pilar importante para el sostenimiento de la economía de El Salvador a través del envío de las remesas familiares, que en 2008, con casi 4 mil millones de dólares, significaron 17% del Producto Interno Bruto (PIB) nacional.

terça-feira, 10 de março de 2009

Crise: o Brasil e as Alternativas


Desde o segundo semestre de 2008, assistimos, lemos e ouvimos diariamente uma avalanche de informações sobre o mercado financeiro, as bolsas de valores, a falência de grandes empresas e de bancos e a mobilização política para resolver a crise mundial.

Desde os anos 80, a ampliação do sistema financeiro internacional baseado na tecnologia da informação (Internet) e sem controle público resultou em sucessivas crises em países periféricos como a Rússia, México e Argentina, com reflexos no Brasil. Já a atual crise ocorre no centro do sistema capitalista e financeiro, ou seja, nos EUA. Ela se originou no sistema imobiliário, atingiu o sistema financeiro e rapidamente se espalhou para todos os setores da economia.

A explicação do mecanismo que a originou pode ser simplificada da seguinte forma:
a) Um cidadão deposita U$$ 1 dólar no banco;
b) O banco empresta esse único dólar para dez pessoas (sem lastro, ou seja, sem que exista esse dinheiro. Apenas na confiança de que nem todos irão sacar ao mesmo tempo, empresta-se o mesmo dólar para muitas pessoas);
c) Em troca, o banco cobra um juro de 5% ao ano para as empresas que têm poder de pagar (baixo risco) e cobra 15% para pessoas físicas com baixa renda (maior risco);
d) Os maiores investidores nesta ciranda foram os fundos de pensão, que passaram a comprar ações de grandes empresas e assegurar aos bancos o risco dos empréstimos;
e) A partir do momento que a maior empresa de seguros faliu (AIG), ruiu toda a ciranda como um castelo de cartas.

Na prática, é importante entender o significado dos seguintes termos:
Suprime: dinheiro emprestado aos mais pobres com altos juros;
Derivativos: créditos suprime vendidos de um banco para outro, com altos juros;
AIG: seguradora que garante a transação destes derivativos. Sua falência desencadeou a atual crise.

Para enfrentar um problema, primeiro devemos entendê-lo. No caso da crise que estamos tratando, não há um consenso sobre sua natureza, o que resulta numa polêmica sobre suas saídas. Existem quatro grandes caracterizações desta crise (TIPO DE CRISE - CARACTERÍSTICAS - ALTERNATIVAS - ATORES ):
Conjuntural - A crise é passageira e causada por maus negócios - Será superada em pouco tempo e, depois de alguns ajustes, voltará o crescimento - Setores da mídia como a Rede Globo e algumas federações de empresários.
Neoliberal - Falência do modelo de auto-regulação do mercado com a mínima participação estatal - Fortalecimento do Estado através de fortes investimentos no setor financeiro, industrial, infra-estrutura e social para reaquecer o mercado - Chamado grupo de keynesianos, social-democratas e desenvolvimentistas
Estrutural - Os mecanismos de acumulação de produção, das relações de classe e entre os países estão defasados - É preciso “Refundar o Capitalismo”, adotando medidas de regulação do mercado financeiro, energias renováveis e distribuição de renda - Democratas norte-americanos, especialmente a equipe do ex-presidente Clinton e da ONU
Sistêmica - O sistema capitalista está falido e chegou ao seu limite de expansão - Construir o socialismo ou uma contra hegemonia a partir de experiências localizadas, negando uma lógica central - Teóricos neo-marxistas

Provavelmente, nenhuma dessas análises é totalmente verdadeira. O mais provável é que a crise seja um pouco de cada uma delas, assim como as saídas, ainda que se precise apostar numa das lógicas como sendo a principal e sem desconsiderar as demais.




Os governos e a crise

Existem algumas outras avaliações e é importante verificar o posicionamento de alguns governos diante desta crise:

- Os EUA é o centro da crise cujas conseqüências afetam todo o mundo. O novo governo de Barak Obama atua para estanca-la o mais rápido possível, mas sabe que terá que reestruturar-se interna e externamente, e que mesmo assim terá muitas perdas e demandará um longo período de recuperação;
- Na Europa, o governo francês de Nicolas Sarkozi tenta imprimir certa liderança através de medidas ainda mais protecionistas, autoritárias e xenófobas (contra imigrantes estrangeiros);
- Os chamados BRIC´s (Brasil, Rússia, Índia e China), considerados os países em desenvolvimento no período anterior à crise, vislumbram esta situação como uma oportunidade para se posicionar ainda melhor internacionalmente.

A crise no Brasil

Quanto aos efeitos da crise no Brasil, é importante destacar que ela se dá com menor intensidade que em outros países. Se ocorresse em outra época, principalmente nos governos neoliberais de Collor, Itamar ou FHC, o efeito teria sido muito maior: primeiro, porque o Brasil estaria mais dependente dos EUA (no início do governo Lula os EUA eram responsáveis por 40% do mercado externo brasileiro, hoje é apenas 26%); segundo, porque os bancos e grandes empresas teriam sido privatizadas e o governo não teria poder para investir na economia; em terceiro lugar, não teria mudado o perfil da dívida externa brasileira e não haveria a valorização do real. Portanto, não contaríamos com reservas cambiais para fazer frente à desvalorização geral da economia internacional; e, um quarto ponto, não haveria distribuição de renda, resultando em menos mercado interno para garantir o consumo e manter a produção.

Ainda que o Brasil não esteja imune à crise, o impacto foi menor, e as expectativas de saídas são maiores em conseqüência de quatro grandes mudanças que diferenciou o atual governo petista dos governos anteriores: 1) diversificação do mercado internacional; 2) fim das privatizações, fortalecimento das estatais e investimentos como o PAC; 3) fim da dependência relativa à dívida externa; 4) maior distribuição de renda através do aumento do salário mínimo, programa bolsa família, aumento do emprego e outros programas sociais.

É importante observar ainda algumas questões:

É preciso entender a crise, promover debates e observar seus efeitos e sua ação cotidiana no seu negócio ou na sua organização;
Também é importante debater soluções coletivas. Uma situação complexa exige respostas complexas;
Não é recomendado apostas de alto risco, mas sim atuar em diferentes frentes, planejar e avaliar permanentemente a fim de corrigir constantemente os problemas;
É importante fazer planejamentos a longo e curto prazo, apontar estratégias e não se descuidar no dia-a-dia;
É preciso definir pautas políticas para evitar reveses nos direitos dos trabalhadores e propor leis para avançar nossas lutas;
Aumentar o crédito subsidiado para a agricultura familiar e a economia solidária, como por exemplo tomar emprestado R$ 1 mil, devolver R$ 500 e manter na economia local os outros R$ 500.

Esperamos ter contribuído humildemente com este debate, de maneira simples e didática, sem dispensar seu aprofundamento para dar conta de sua complexidade.


Professor Pedro Uczai – deputado estadual (PT-SC)

segunda-feira, 9 de março de 2009

“A crise dos movimentos sociais brasileiros é anterior ao governo Lula”. Entrevista especial com Renato Simões


Trata-se de simplismo usar as categorias do bem e do mal para explicar a relação entre partidos, governos e movimentos sociais. “Defendo uma agenda comum entre esses três agentes políticos, uma agenda de transformações econômicas, políticas e sociais que queremos e podemos institucionalizar nestes (menos de) dois anos que faltam de governo Lula”, avalia o secretário nacional dos Movimentos Sociais do PT, Renato Simões, na entrevista exclusiva que concedeu, por e-mail, ao sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Para ele, os movimentos sociais em sua maioria continuam a ter agendas em comum com o governo Lula, além de “canais de diálogo e negociação e autonomia para criticar e lutar por bandeiras ainda não contempladas com as políticas de governo”. Em sua análise, a crise dos movimentos sociais brasileiros remonta a antes do atual governo, “mudou de qualidade neste período e o ultrapassará. Faz parte de uma crise mais ampla aberta com a avalanche neoliberal que se abateu sobre o planeta, a hegemonia construída por mais de duas décadas no mundo e no Brasil, em particular, a derrocada do socialismo real e a defensividade vivida no final do século passado pelas idéias libertárias e socialistas. Neste sentido, há uma interface grande entre a crise dos movimentos sociais e a crise dos partidos políticos de esquerda neste período”.Agradecemos aos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores - CEPAT - que, mais uma vez, contribuíram na elaboração desta entrevista.
Renato Simões é filósofo graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Camp), é pós-graduado em Direitos Humanos pela Universidade de São Paulo (USP). Secretário Nacional de Movimentos Populares do PT, é conselheiro nacional do MNDH - Movimento Nacional de Direitos Humanos e presidente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas/SP. Foi deputado estadual de São Paulo pelo PT (1995-2007).Confira a entrevista.
IHU On-Line – Lula deu as costas para o movimento social brasileiro? Renato Simões – Em que sentido? No sentido de atender todas as reivindicações imediatas e históricas dos movimentos sociais no período de seis anos de governo, poderíamos aceitar essa palavra de ordem contida na pergunta. Seria o mesmo que dizer que todo governo que, num determinado período e numa determinada correlação de forças, fosse incapaz de atender a todas as demandas dos movimentos sociais, pudesse ser considerado traidor de seus compromissos e caracterizado como adversário principal a ser derrotado. Não é o que penso, e acredito não ser o que pensa a amplíssima maioria dos movimentos sociais brasileiros. Mas é evidente que há também uma amplíssima sensação de que opções políticas adotadas pelo governo, em particular as macroeconômicas de seu primeiro mandato (muitas das quais ainda perduram até hoje), limitaram o alcance de transformações sociais mais profundas que correspondem a elementos simbólicos centrais de nossa luta. No entanto, os movimentos sociais – em sua amplíssima maioria, repito – mantêm agendas comuns com o governo Lula, canais de diálogo e negociação e autonomia para criticar e lutar por bandeiras ainda não contempladas com as políticas de governo.IHU On-Line – A luta contra o neoliberalismo e a eleição de um operário para a presidência da República eram bandeiras que unificavam o movimento social brasileiro até 2002. Com a eleição de Lula, muitos afirmam que o movimento social se fragmentou: parte dele ficou do lado do governo e, outra, faz oposição. O senhor concorda com este diagnóstico? Renato Simões – Considero simplista essa avaliação. A crise dos movimentos sociais brasileiros é anterior ao governo Lula, mudou de qualidade neste período e o ultrapassará. Faz parte de uma crise mais ampla aberta com a avalanche neoliberal que se abateu sobre o planeta, a hegemonia construída por mais de duas décadas no mundo e no Brasil, em particular, a derrocada do socialismo real e a defensividade vivida no final do século passado pelas idéias libertárias e socialistas. Neste sentido, há uma interface grande entre a crise dos movimentos sociais e a crise dos partidos políticos de esquerda neste período. Ambos sofreram processos de diluição ideológica, de rebaixamento programático e perda de representatividade e capacidade de mobilização. Ambos adotaram estratégicas político-institucionais num momento em que o movimento de massas refluiu. Ambos se acomodaram aos espaços de poder político conquistados, inicialmente em prefeituras, parlamentos, governos estaduais e federais. Assim, nem todos os males da humanidade começaram e têm como causa o governo Lula...
Além disso, os movimentos sociais não se dividem no Brasil entre os que ficaram do lado do governo e os que fazem oposição a ele. A rigor, qual grande e representativo movimento social brasileiro faz oposição ao governo Lula? Se a insatisfação com o primeiro mandato de Lula, tanto pela política econômica quanto pelo que se chamou de “crise do mensalão”, e as opções marqueteiras da campanha da reeleição de fato afastaram movimentos sociais, mesmo os mais simpáticos ao governo, da campanha do primeiro turno, também é verdade que os movimentos sociais reagiram acertadamente à campanha pelo voto nulo ou branco no segundo turno e assumiram papel protagonista na reeleição de Lula. Falaram mais alto, para os movimentos sociais, fatos como o reconhecimento da regressão neoliberal que significaria a vitória de Alckmin, o tom mais ideologizado da campanha do segundo turno, o caráter mais ofensivo em relação aos ataques tucanos e a disposição manifesta por Lula de alterar para o segundo mandato, eixos amplamente questionados durante os primeiros quatro anos de governo. Reputo aos movimentos sociais, com destaque entre esses fatores, o fato de Alckmin ter passado para a história como o candidato que perdeu mais de 2 milhões de votos entre o primeiro e o segundo turnos de uma eleição majoritária.IHU On-Line – O sociólogo Werneck Vianna afirma que, assim como Vargas, Lula "engoliu" o movimento social, ou seja, "tudo o que era vivo na sociedade ele trouxe para si. e, de cima, formula políticas para a sociedade". Como o senhor reage a essa interpretação da relação do governo Lula com o movimento social? Renato Simões – O “lulismo” é um fenômeno político em ascensão, tem sua origem antes do governo, se fortaleceu com ele e se projetará como um elemento importante da política brasileira por muitos anos ainda depois do fim do governo. Na minha avaliação, possui traços em comum com fenômenos políticos anteriores, mas guarda também importantes diferenças com eles. Com certeza, é um fenômeno poli-classista, como o varguismo também foi, mas não tem os traços autoritários e fascistas que o varguismo incorporou, por exemplo. Possui um caráter globalmente progressista, mas não é revolucionário ou socialista. Não é dado a rupturas, é moderado porque seu método fundamental é a negociação e a conciliação de interesses. Absorveu o “petismo” e contribuiu, ao mesmo tempo e contraditoriamente, para o seu crescimento e esvaziamento, incorporou pragmaticamente um certo caráter supra-partidário e em muitos momentos dialoga diretamente com as massas, ainda que dispersas, por cima dessas mediações partidárias. Não incorporou tudo o que era vivo na sociedade em seu governo: há muita coisa viva fora dele. Nem tudo o que se formulou de políticas para a sociedade veio de cima, muito foi construído a partir da elaboração dos de baixo. Precisaremos ainda de um certo distanciamento no tempo para avaliar bem esse fenômeno e suas conseqüências que, como disse, ainda marcarão o Brasil por algum tempo após o fecho deste período de governo. IHU On-Line – Outra comparação que se faz de Lula com a Era Vargas é o fato da "domesticação" do movimento sindical. Em sua opinião, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi também "engolida" pelo governo? Renato Simões – Meu Deus, será que a CUT antes do governo Lula era tão diferente do que é hoje? Pelo que me lembro, sou crítico dos rumos adotados pela CUT desde quando ajudei a criar a CUT pela Base, ainda no começo dos anos 80. Será que o Lula teve o condão de chegar ao governo e domesticar a CUT em tão pouco tempo? Mais uma vez chamo a atenção para certos simplismos. A CUT vem pagando um alto preço por suas opções equivocadas, inclusive com rachas de maior ou menor monta, já consolidados ou ainda em perspectiva. No entanto, ainda que possa compartilhar aspectos críticos contidos no posicionamento da Intersindical ou da CTB (cujos dirigentes, aliás, compartilharam com a Articulação Sindical de muitos problemas que saíram denunciando), considero um imenso equivoco rachar a unidade de uma Central como a CUT, contribuindo para a fragmentação e a partidarização do movimento sindical. E mais, como ficou comprovado nos últimos dois anos, a CUT continua sendo a mais representativa e mobilizada central sindical brasileira. Jogou um papel importante em conquistas reais para a classe trabalhadora nestes últimos anos, ainda que tenha sido ausente, talvez até omissa, no enfrentamento de políticas de governo com as quais não concorda. E mantém uma aliança importantíssima, através da CMS – Coordenação dos Movimentos Sociais, com os movimentos sociais mais representativos da sociedade brasileira. Não é mais aquela Central que criamos nos anos 1980, mas retirou o socialismo de seu artigo 1º dos Estatutos bem antes do governo Lula...IHU On-Line – O Partido dos Trabalhadores tem a sua origem no movimento social, porém, para muitos, nos últimos anos em função de um crescente processo de institucionalização do partido e com a eleição de Lula, a relação se tornou pragmática e utilitária. Muitos utilizam os exemplos das Conferências nacionais, em que o governo chama os movimentos não para deliberar, mas para dar verniz popular as suas iniciativas. Como o senhor interpreta essa crítica? Renato Simões – A relação com o PT também se tornou pragmática e utilitária para muitos movimentos sociais. Ou não? O fato é que esse distanciamento tem várias causas, e uma delas com certeza foi o rebaixamento político, ideológico e programático do PT e de muitos dos principais movimentos sociais brasileiros já no final dos anos 1980, mas fundamentalmente com a supremacia neoliberal do anos 1990 e seguintes. Se para o PT foi e é útil a capacidade de mobilização eleitoral dos movimentos sociais, também foi e é útil para os movimentos sociais a legenda do PT e seus parlamentares e governos – no passado, aparelhamento de movimentos sociais já existiam nos gabinetes parlamentares (não só do PT), prefeituras etc. O sucesso eleitoral do PT não foi apenas um dano para os movimentos sociais. Muitas das estruturas conquistadas pelo PT foram fundamentais para amparar os movimentos sociais na resistência ao governo FHC, por exemplo, ou para aplicar políticas públicas reivindicadas pelos movimentos sociais nas suas administrações. Não há nada puro e isento de contradições nesta relação.Bem & malMais uma vez, alerto para o simplismo de colocar o bem e o mal como categorias válidas para explicar a relação entre partidos, governos e movimentos sociais. Defendo uma agenda comum entre esses três agentes políticos, uma agenda de transformações econômicas, políticas e sociais que queremos e podemos institucionalizar nestes (menos de) dois anos que faltam de governo Lula. Para esta agenda comum, não é preciso que os movimentos sociaiscomprometam sua autonomia – ela não exige rendições nem abandono de reivindicações. Pelo contrário, ela exige vitalidade e mobilização – podemos e devemos aproveitar esse período para avançar e pactuar uma nova relação para o futuro. Sobre as Conferências, se elas fossem tão ridiculamente ineficazes para os movimentos sociais, porque estamos até o cabelo envolvidos na convocação da I Conferência Nacional de Comunicação? Ou me equivoco redondamente, ou nela estará dado um embate essencial para a democracia e para os movimentos sociais, e para ela precisamos nos colocar de acordo sobre a agenda mínima e a agenda máxima que queremos conquistar nesse terreno de luta.IHU On-Line – Ao que o senhor atribui a fragilização do movimento social nos últimos anos?Renato Simões – Creio que já falei sobre fatores estruturais que alteraram a qualidade da crise vivida pelos movimentos sociais nos últimos anos. Sua origem está na crise do pensamento e das práticas de esquerda decorrente da vitória do neoliberalismo, da derrocada do socialismo real e da hegemonia ideológica do mercado. Objetivamente, este período – que perdura até agora e que vive uma imensa crise – ceifou empregos e fragilizou sindicatos; promoveu a violência urbana e fragilizou movimentos sociais; afastou a Igreja Católica dos rumos que marcaram a hegemonia da Teologia da Libertação na América Latina e fragilizou a formação de quadros e o apoio social desta importante instituição para os movimentos sociais; rebaixou o horizonte político dos partidos e dos movimentos sociais. No governo Lula, pelas características do lulismo acima expressas, os movimentos tiveram altos e baixos, ganhos e perdas, conquistas e derrotas, se fortaleceram e se enfraqueceram. No período inicial do segundo governo Lula, a falta de uma agenda mínima dos movimentos sociais impediu avanços maiores, dada a conjuntura mais favorável na área econômica, com crescimento do emprego, elevação do poder de compra dos salários, ampliação do mercado de consumo de massas para os mais pobres e políticas públicas de caráter social atendendo reivindicações históricas, como no caso da habitação e do saneamento. Agora, com a crise sistêmica que vivemos, essa agenda comum é ainda mais necessária, para evitar que os mais pobres e a classe trabalhadora paguem pela crise do padrão de acumulação capitalista adotado com o neoliberalismo. Daquela grande variedade de reivindicações apresentadas pelos movimentos sociais ao governo, que constituem um importante ponto de partida, o que de fato é prioridade, o que de fato está no centro da estratégia conjunta dos movimentos sociais, que possa dirigir nossas mobilizações e negociações? Esse é o ponto que, a meu ver, pode colocar os movimentos sociais numa ofensiva unitária contra as alternativas burguesas que se apresentarão à crise em suas dimensões econômica, financeira, ambiental, energética, etc. IHU On-Line – O MST é oposição ao governo Lula? A partir da função de secretário dos movimentos sociais do partido, como o senhor avalia a relação do MST com o governo? Renato Simões – Nem o MST nem a grande maioria dos movimentos sociais mais representativos se define como oposição ao governo Lula. O MST é talvez o mais importante movimento social em atividade no Brasil, e suas lutas tiveram papel central na resistência ao neoliberalismo e na definição da agenda da reforma agrária no país. Mantém uma relação crítica com o governo Lula, estabelece com ele parcerias na execução de políticas públicas, participa dos fóruns de diálogo entre governo e movimentos sociais. Sinaliza insatisfações com o Governo ao não convidar o Presidente Lula para seu Congresso, e no mesmo Congresso convida ministros que são muito bem recebidos e aplaudidos. A meu ver, faz o que todo movimento social deveria fazer: mantém sua autonomia, negocia, conquista reivindicações de sua base social, avança políticas públicas em seus assentamentos, pressiona por mais assentamentos... O MST sabe que as alianças estabelecidas pelo governo com o agronegócio secundarizou a agenda da reforma agrária, por isso dirige baterias contra os inimigos de classe do agronegócio e eleva o tom contra medidas do governo tomadas em decorrência dessa aliança. Mas dá respostas também a questões concretas da grande quantidade de assentamentos conquistados, que com certeza usufruem políticas bem sucedidas de apoio à agricultura familiar, cooperativismo e agroindustrialização de produtos dos assentados. Não acredito que prosperem teses que coloquem o MST na oposição ao governo Lula em seu próximo Congresso. Acredito que atual linha, crítica e autônoma, deve prevalecer e seja a mais adequada.IHU On-Line – Como o senhor definiria o governo Lula? Renato Simões – É um governo de centro-esquerda, progressista como se usa na América Latina para definir governos semelhantes que ganharam as eleições em países como Uruguai, Argentina, Chile, entre outros. Não creio que possa ser enquadrado no sentido clássico de governo democrático-popular, como define por exemplo o V Encontro Nacional do PT, pois o alcance das transformações sociais e políticas que propõe não tensionam as estruturas capitalistas da sociedade. Tampouco o caracterizo como um governo neoliberal. Creio que o a vitória de Lula sobre Serra em 2002 interrompeu um período de doze anos, aberto com a posse de Collor de Mello, em que o neoliberalismo era a filosofia oficial do governo brasileiro, e abriu um período de transição para alternativas ao neoliberalismo que podem ser construídas no bojo da presente crise ou em governos futuros. A posse de Lula, após a estabilização do governo de Chávez recém-deposto e reempossado, permitiu um avanço eleitoral dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais que adotaram uma estratégia institucional de chegada ao poder no continente. Lula não é igual a Chávez, mas tampouco Lugo é igual a Rafael Correa e muito menos Evo igual a Ortega, por exemplo. São trajetórias diferentes de um mesmo processo, que demonstra o esgotamento do projeto neoliberal no continente e a busca de alternativas, mais ou menos avançadas e transformadoras. Sua força está não só na sua diversidade, mas fundamentalmente na sua unidade. Ela é que faz avançar o processo de integração e faz com que experiências diferentes como estas interajam entre si e contaminem umas às outras com o que cada uma tem de melhor. Neste sentido, o encontro dos cinco Presidentes no FSM foi de um grande significado, pois não se trata de excluir, mas de unificar e potencializar essas experiências rumo a outra sociedade a ser construída.IHU On-Line – Qual a contribuição do Fórum Social Mundial 2009 para o fortalecimento dos movimentos sociais neste momento de crise econômico-financeira?Renato Simões – O FSM vive um dilema que se expressa em múltiplas contradições neste momento de crise sistêmica do neoliberalismo. As bases desta crise foram denunciadas com justeza desde o primeiro grande evento de Porto Alegre. Suas dimensões econômico, financeira, militar, ambiental e social, ente outras, mostraram como a crítica ao neoliberalismo e a defesa de um outro mundo possível eram corretos. Naquele momento, a diversidade do FSM teve o valor simbólico de desafiar o pensamento único de Davos, de dar uma dimensão maior aos protestos anti-globalização e a permitir a busca de alternativas. Na América Latina, os movimentos sociais construíram não só palavras de ordem e de mobilização mas produziram sínteses políticas que se expressaram em modalidades diversas de organização eleitoral e partidária. Na Europa, o outro eixo do FSM, os movimentos sociais foram massacrados pela agenda neoliberal, os partidos de esquerda perderam dimensão social com a crise do socialismo real e a socialdemocracia se constituiu na ponta de lança da aplicação do neoliberalismo depois da onda Reagan/Thatcher. Nos outros continentes, os processos de luta são ainda incipientes, e o FSM foi um espaço importante para fazer emergir e dar visibilidade a temas da África e Ásia, por exemplo. Mas não resolveu um dilema central: como avançar da crítica e da multiplicidade de alternativas para a construção de plataformas consensuais e cronogramas de luta social no plano internacional? Esse é um dos vetores fundamentais do debate estratégico do FSM pautado no interior do seu Conselho Internacional, pautado fundamentalmente pelos grandes movimentos sociais seus constitutivos – a Via Campesina, a CUT e outras centrais sindicais, a Marcha Mundial de Mulheres, entre outros. A busca de canais de articulação, como a Assembléia dos Movimentos Sociais, que se definem como espaços dentro do FSM mas não como o FSM, é uma tentativa de resposta, bem como as inovações metodológicas que se experimentaram em Belém com resultados ainda controversos. Em todo caso, o FSM teve vigor em Belém, aconteceu num momento e num local propícios a uma retomada de seu valor simbólico e efetivo de articulação internacional, e se coloca em outras condições para a retomada de seu debate estratégico nos anos futuros.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Curso de Formação da ES foi um Sucesso

Nos dias 27,28 de fevereiro e dia 01 de março realizou-se em Florianópolis através da coordenação executiva da ES o curso de formação para dirigentes.

















O curso contou com a presença de professores universitários e dirigentes nacionais do partido.









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A programação tinha os seguintes pontos:

  • História de Santa Catarina;
  • Crise Economica;
  • Novos Movimentos Sociais;
  • Ecossocialismo;
  • História da América Latina;

Após o curso e conforme o planejamento da tendência a coordenação executiva da ES produzirá uma revista com os temas discutidos no curso. Uma vez por ano teremos esse curso para aprofundarmos e adquirirmos mais conhecimentos para nossa luta.

quarta-feira, 4 de março de 2009

É uma guerra de resistência, temos que segurar o manche e agüentar’, diz Maria Conceição Tavares

"Estamos diante de uma tempestade global. Não é apenas a violência que assusta; é, principalmente, o fato de que a sua origem financeira torna tudo absolutamente opaco no horizonte da economia internacional. Mente quem disser que sabe o que virá e quanto vai durar", diz, em entrevista à Carta Maior, 02-03-2003, Maria da Conceição Tavares.A economista, informa a Carta Maior, falará nesta quinta-feira no seminário promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Conceição abre nesse dia a primeira mesa de debates do Seminário Internacional sobre o Desenvolvimento que acontece em Brasília. Inaugurado oficialmente pelo Presidente Lula, o seminário internacional convocou duas dezenas de intelectuais, autoridades e lideranças - do Brasil e do exterior - para um balanço daquele que já é reconhecido como o maior colapso da história do capitalismo desde 1929. A TV Carta Maior transmitirá ao vivo os debates, com cobertura completa das mesas programadas para a quinta e sexta-feira.Eis a reportagem e a entrevista.Pela primeira vez na história, o Brasil enfrenta uma crise mundial sem ter que carregar o setor público nas costas.“Veja bem”, diz Conceição quando perguntada sobre qual seria agora o foco principal de sua análise na exposição da quinta-feira, ”estamos diante de uma tempestade global. Não é apenas a violência que assusta; é, principalmente, o fato de que a sua origem financeira torna tudo absolutamente opaco no horizonte da economia internacional. Mente quem disser que sabe o que virá e quanto vai durar. Minha percepção mais clara é de que será uma guerra de resistência; e que o Brasil tem condições de segurar o manche, e agüentar”.Conceição não é propriamente uma poliana acostumada a distribuir cálices de bondades nos salões da política brasileira. Tampouco ganhou o respeito ecumênico que desfruta em círculos intelectuais e acadêmicos por irradiar otimismo panglossiano. A adversária temida e respeitada do conservadorismo nativo na verdade nunca poupou de sua metralhadora crítica nem o governo Lula, sobrertudo no primeiro mandato, quando a macroeconomia adotada pelo ex-ministro Antonio Palocci gozava unanimidade na mídia e no seu braço político-eleitoral, o tucanato.Um de seus ex-alunos diz que a garganta de Henrique Meirelles, o presidente do BC, ainda emite ganidos de dor quando a professora de 74 anos dardeja, sem piedade, a política monetária que dá ao Brasil o campeonato mundial de juro do planeta. “O que estou dizendo não é fruto de otimismo”, pontua essa admiradora confessa de Celso Furtado. “A luta será dura. Mas pela primeira vez na história, o Brasil enfrenta uma crise mundial sem ter que carregar o setor público nas costas. Isso é inédito: nesta crise o Estado não está afundado em dívida externa, para não dizer totalmente quebrado, como ocorreu nos anos 90. Significa mais do que não ter um peso morto; significa um Estado em condições de amparar o investimento, o emprego e o capital de giro da economia".A taxa de juro mais alta do mundo finalmente mostra para que serve: serve para ser corrigida agoraConceição brinca enquanto dispara sem dó: “Desta vez, temos ainda uma vantagem paradoxal; e aí devemos reconhecer o serviço prestado pela ortodoxia: há um enorme espaço macroeconômico para 'flexibilizar a política monetária’, como eles gostam de dizer”, ironiza a professora com um sorriso e aciona de novo o gatilho: “A taxa de juro mais alta do mundo finalmente mostra para que serve: serve para ser corrigida agora na crise. Basta que façam isso e o país já ganhará um substancial reforço na capacidade fiscal para implementar ações anti-cíclicas. Cada ponto a menos na taxa de juro reduz em uma dúzia de bilhões o custo da dívida pública”.A ex-deputada federal pelo PT listará no CDES algumas vantagens que distinguem o Estado brasileiro atual daquele pé-de-chumbo pró-ativo da era FHC, quando, ao contrário de hoje, ajudava a empurrar a economia para o buraco. Hoje, o governo tem fôlego financeiro suficiente para acionar a demanda e o investimento através de uma engrenagem de quatro patas: as políticas sociais; a nova política habitacional – que deve encomendar um milhão de unidades ao setor da construção civil; as obras do PAC – “que alavancam a conjuntura e corrigem as desigualdades da estrutura regional"; e as licitações da Petrobrás –“a Petrobrás, sozinha, meu filho, é uma nação; uma nação que nos dá auto-suficiência em óleo, o que não tínhamos nas outras crises; ao mesmo tempo mantém encomendas que podem sustentar faixas do parque industrial”.Mas, acima de tudo, a professora gosta de salientar uma diferença crucial em relação à carpintaria neoliberal dos anos 90, quando o Brasil bateu três vezes no guichê do FMI: “Hoje temos um tripé de bancos estatais revigorados, que cumprem papel estratégico reconhecido pela política econômica. Com o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal o Brasil pode, de fato, gerar contrapesos à contração do crédito internacional, propiciar capital de giro e investimentos com contrapartida de garantia de emprego. Basta ter determinação política”.Os dois maiores bancos dos EUA agonizam; baixas dessa magnitude não tivemos nem em 1929Conceição, porém, não minimiza as dificuldades dos dias que virão. “Sem dúvida o colapso financeiro internacional é dramaticamente mais sério que aquele de 29. A crise atual ainda não alcançou a proporção daquela, mas você tem o núcleo financeiro dos EUA carcomido, - veja bem”, pontua a professora didaticamente, “é o núcleo, os grandes bancos, não as franjas. Os maiores deles, o City e o Bank of América, praticamente agonizam. Baixas dessa magnitude não tivemos nem em 1929”, adverte com entonação diferente na voz.Conceição enxerga uma estatização branca em andamento no setor financeiro norte-americano; percepção corroborada pelo noticiário matinal da segunda-feira que informa um novo round na agonia da seguradora AIG. A maior seguradora do mundo ganhou o epíteto agora de maior prejuízo da história do capitalismo americano. Na segunda-feira, receberia nova transfusão de recursos do Tesouro, mais US$ 30 bi sobre anteriores US$ 150 bi que não bastaram para afastá-la da ladeira da liquidação.Conceição não considera que a política de socorro e mitigação pontual adotada por Obama seja suficiente para reverter a espiral que se espalha. “Ajuda pontual não permite ao governo intervir de fato nas instituições; os conselhos e acionistas mantém o comando; não deixam realizar prejuízos; a agonia se arrasta”. A conclusão que extrai dessa convergência entre colapso e hesitação ideológica é que teremos uma crise de longa duração, “uma guerra de resistência”. Conceição reporta ao exemplo japonês para justificar seu ceticismo. “Na crise do Japão, nos anos 90, o setor financeiro foi abalado; nunca se recuperou de fato. O resultado é o que estamos vendo hoje; a economia japonesa desaba porque não tem solidez na perna financeira. Sem essa perna fica muito difícil enxergar a luz no fim do túnel americano. A maior economia do planeta pode patinar por anos a fio”, vaticina.Minha dúvida é se a China, que até agora foi o grande comprador de títulos norte-americanos, continuará a fazê-loInúmeras incertezas se acumulam nesse horizonte de longo curso. Mas a principal delas, no entender de Maria da Conceição, argüi a sobrevivência da endogamia sino-americana que sustentou a expansão internacional pré-crise. “Sem crédito o capitalismo não sobrevive”, reitera a professora como que a martelar um avariável que não pode ser esquecida jamais pelos seus ouvintes. “A política norte-americana de socorro e mitigação gera déficits e desequilíbrios crescentes. Os EUA têm um poder quase ilimitado de emitir dívida para se financiar, mas é preciso que o mundo continue disposto a adquiri-la, como tem feito até aqui. Minha dúvida é se a China, que até agora foi o grande comprador de títulos do Tesouro, terá fôlego para sustentar esse papel”.Conceição não acredita que a China possa reciclar facilmente seu dínamo exportador para uma expansão calcada no mercado interno. “Eles já estão fazendo investimentos impressionantes na economia doméstica; não creio que exista espaço para ir além e assim compensar a perda inevitável do lado do comércio exterior. Daí a pergunta para a qual não tenho resposta: até quando terão condições de absorver títulos da dívida dos EUA?”O ativismo keynesiano de Obama ainda não marca a derrota definitiva do neoliberalismo; no Brasil isso será decidido em 2010A economista encerra com uma advertência política: “Nada do que estamos vendo configura, ainda, a derrota definitiva do neoliberalismo. É um passo. Mas não podemos festejar o defunto sob as ruínas dos mercados financeiros. O que vemos hoje é apenas luta pela sobrevivência; não há lugar para a ideologia na luta desesperada pela sobrevivência. O ativismo keynesiano de Obama, entre outros, é apenas isso, um recurso à mão, nada mais. Provavelmente, essa opacidade ideológica persistirá até 2010. No Brasil, então, será a hora da verdade. Serra se diz um desenvolvimentista - de boca, porque sua aliança preferencial é com os Democratas, cuja agenda dispensa apresentações. A sociedade brasileira terá que escolher o projeto e o arcabouço de valores para conduzir o país na reordenação pós-crise. Tomara que não recue” , conclui a professora Maria da Conceição Tavares.