quinta-feira, 16 de abril de 2009

A ESQUERDA SOCIALISTA DO PT


As esquerdas petistas apresentaram-se em várias chapas no último PED – o Processo de Eleições Diretas do PT. Não foi algo artificial. Essa divisão em várias propostas representou um processo de reacomodação, no espectro político petista, de várias correntes e campos políticos que, em particular a partir da crise de 2005, buscavam novos caminhos para si e para o PT.O momento, hoje, é bem outro. Até porque, no enfrentamento das questões centrais que marcam o debate político e programático do PT, as diferentes chapas do PED passado foram se relacionando e constituindo afinidades e distanciamentos. É possível e viável, do ponto de vista político-programático, uma chapa de unidade das esquerdas petistas, em particular daquelas que se dispõem a manter-se ocupando este espaço dentro do Partido.Com este objetivo, as chapas Militância Socialista e A Esperança é Vermelha promoveram, nos dias 3 e 4 de abril, em São Paulo, na combativa sala do Sindicato dos Professores de São Paulo, a I Conferência Nacional da Esquerda Socialista do PT. Aberta a todo o partido, a conferência contou com a representação de várias chapas do PED passado que fizeram uso da palavra, reagindo às exposições organizadas pelas duas chapas promotoras.Uma importante mesa de abertura no dia 3 reuniu importantes figuras da esquerda social e política do país e cerca de 300 militantes, debatendo as tarefas da esquerda no Brasil e no mundo. Antonio Carlos Spis, da CUT e da CMS, Pe. Benedito Ferraro, das Pastorais Sociais e das CEBs, João Pedro Stedile, do MST e da Via Campesina, e Emir Sader, da CLACSO, compuseram um mosaico expressivo da diversidade das preocupações do pensamento de esquerda presente na sociedade e dos desafios que a realidade do Brasil e do mundo neste momento de nossa história. Por vezes prevaleceu o pessimismo, por vezes o otimismo, mas em comum a sensação de que a crise capitalista em curso abre um novo período de disputa na sociedade dos ideais e projetos socialistas, e de uma radicalização de discursos e propostas de caráter democrático e popular, anti-neoliberal e anti-capitalista.No dia seguinte, com quase 200 militantes em todas as mesas, dirigentes das duas chapas promotoras da Conferência, representantes de várias outras tendências do PT e militantes presentes debateram a crise capitalista, seus impactos econômicos, sociais, políticos e ambientais e as alternativas de esquerda. Situaram a conjuntura brasileira neste contexto internacional, com destaque para uma avaliação do governo Lula e suas perspectivas, bem como as tarefas da esquerda, do PT e dos movimentos sociais para o presente e o futuro da luta socialista.Ainda é cedo para sabermos se as convergências construídas neste debate, que foram muitas e abrangentes, alcançarão a unidade de todos os setores da esquerda socialista do PT. Muitos outros fatores, além da identidade programática, interferem nos embates que teremos em 2009 nas eleições internas do PT. Mas com certeza ficou fortalecida a disposição de construção de uma chapa que tenha como ponto de partida a unidade da Militância Socialista e d’A Esperança é Vermelha, e a disposição de um diálogo construtivo com os companheiros e as companheiras que se reivindicam da esquerda socialista do PT.Outros passos na direção dessa unidade são a realização de Conferências como esta no âmbito dos estados – partindo dos 15 estados presentes ao debate de São Paulo – e a busca de consolidação dos eixos tratados na Conferência numa pré-tese a ser apresentada ao Partido até o mês de maio deste ano. Mais importante do que a unidade de correntes e campos políticos de esquerda, é preciso que se crie uma sintonia entre essa elaboração e a militância social e política que se organiza no PT e expressa sua opção transformadora não só nas instâncias do PT, mas também nos movimentos populares, sindicais, estudantis, agrários e nas lutas libertárias contra o sexismo, o racismo, a xenofobia, a homofobia, a discriminação de gerações e religiosa.Militância Socialista e A Esperança é Vermelha não se dissolvem num novo campo político, mantêm suas identidades, tradições e construções, mas tampouco se propõem a constituir uma chapa que se esgote politicamente na proclamação dos resultados do PED. Também não se apresentam como as únicas forças da esquerda socialista do PT, mas como aquelas que se consideram legitimadas a convocar, para este processo eleitoral do PT, as energias e a participação dos petistas e das petistas que ainda sonham com um Brasil socialista, plenamente soberano e democrático, num mundo sem explorados/as nem exploradores/as, sem oprimidos/as e opressores/as, em paz e com justiça social a presidir as relações entre as pessoas e as Nações.
Renato SimõesSecretário Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT.

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