terça-feira, 23 de setembro de 2008

Na ONU, Lula pede fim de barreiras e propõe aliança em favor da África


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira (22), na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, a produção de biocombustíveis como uma oportunidade para a África e a eliminação de barreiras comerciais que impedem o desenvolvimento agrícola do continente. Durante evento na ONU sobre o desenvolvimento da África, Lula disse que o dilema entre a produção de alimentos e de biocombustíveis é falso e que, com responsabilidade, há espaço para ambos. Para Lula, é preciso que haja uma aliança para derrubar as barreiras estruturais ao desenvolvimento africano. “Isso exige ouvir e apoiar quem realmente compreende as necessidades da África: os próprios africanos”.Lula disse que a busca da paz e da prosperidade da África é uma das prioridades da política externa brasileira, lembrando que desde o início do governo já viajou para o continente oito vezes, visitando 20 países. De acordo com o presidente, o comércio entre o Brasil e o continente africano aumentou cinco vezes desde 2002.Segundo Lula, por ser o segundo país de população negra no mundo, o Brasil se reconhece como uma nação africana e enfrenta dificuldades semelhantes às da África. “O Brasil já conseguiu cumprir muitas das Metas do Milênio. E queremos ajudar nossos irmãos africanos a cumprir as suas”.Ele disse que os países ricos devem ajudar o desenvolvimento da África e que os africanos não precisam de atitudes paternalistas, mas de parcerias para realizar as potencialidades de seus recursos naturais e humanos.
“A África não pode ser eternamente um campo de disputa do colonial, em suas velhas e novas manifestações. Tem de se transformar-se em um ponto de convergência da solidariedade internacional”, defendeu.Quarta Frota
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também disse que estranhou a reativação da Quarta Frota da Marinha Americana no Oceano Atlântico, logo após a descoberta do petróleo na camada pré-sal.
“Estranhamos que, depois que encontramos o petróleo, a Quarta Frota vá tomar conta do Atlântico exatamente na área que tem petróleo. Penso que não tem problema, a nossa preocupação agora é tentar explorar esse petróleo e fazer com que ele possa ajudar o povo brasileiro a mudar de vida”, disse. Lula afirmou que já conversou com o presidente George Bush sobre o assunto.
Ao comentar a crise financeira nos Estados Unidos, que atinge toda a economia mundial, Lula disse que é preciso haver medidas para dificultar a especulação financeira.
“Ninguém pode fazer de dinheiro de pensionistas um cassino. Quer ganhar dinheiro, ganhe investindo em coisas que gerem mais empregos, mais renda. Não especulando, e depois querem dividir o prejuízo com os mais pobres. Não podemos aceitar isso. Quando ganham, ganham sozinhos. Quando perdem, querem socializar”, criticou Lula.Ele disse que, apesar de não haver sinais de que a crise chegue no Brasil, o governo está preocupado. “Se houver recessão nos Estados Unidos, isso vai repercutir em todo o mundo.” Homenagem Lula foi homenageado em Nova York pela Agência de Notícias Inter Press Service por sua atuação na luta por justiça social e equidade econômica para o desenvolvimento mundial. Ele também participou de um encontro com lideranças empresariais dos Estados Unidos e de um jantar oferecido pelo Conselho das Américas.
Agência Brasil

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